Carnaval: Conselho de Fonoaudiologia alerta para cuidados com voz e audição


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Não é exagero dizer que o Carnaval é a festa mais esperada do Brasil. Durante quatro dias, milhões de foliões percorrem as ruas do País ao som dos mais variados ritmos, como  frevo, samba, axé e tantos outro.

Na folia de momo, também é comum a exposição de pessoas a sons de alta intensidade (no caso dos trios elétricos) e ao uso intenso da voz nos blocos de rua, por exemplo. Na grande maioria dos casos, os foliões não  atentam para os cuidados necessários que devem ter com a audição e a voz.

Por mais que seja uma comemoração de curta duração – quatro dias -, ela pode trazer prejuízos imensuráveis na qualidade de vida das pessoas a curto prazo. Por isso, os cuidados devem ser redobrados, principalmente, para as pessoas que utilizam a voz como instrumento de trabalho, como é o caso dos vendedores, professores, atendentes de telemarketing, entre outros.

A preocupação com esses excessos deve ser estendida principalmente aos músicos, que nesse período chegam a uma jornada de trabalho de mais de seis horas por dia. Nesses casos, a orientação de um fonoaudiólogo especializado em voz é indispensável para evitar fadiga vocal, perda de qualidade da voz ou perda da voz (afonia) durante a maratona vocal seja em cima de um trio elétrico com chuva e/ou sol ou nos palcos.

Com o objetivo de orientar músicos e foliões, o Conselho Regional de Fonoaudiologia 4ª Região (PE, BA, AL, SE e PB) está divulgando algumas dicas e orientações a respeito dos cuidados que devemos ter durante as festividades carnavalescas  tanto com a voz e a audição. Confira:

VOZ

Aos foliões

Os foliões devem evitar  os excessos. Os problemas vocais são multifatoriais e estão relacionados com qualidade do sono, hidratação, alimentação adequada, excesso de álcool e fumo. O  fumo é o inimigo número 1 da voz. Na “melhor” das hipóteses causa enfisema pulmonar e edema de Reinke, quando não causa câncer de boca, laringe ou pulmão.

Dez dicas para manter a voz saudável na folia

1. Evitar o cigarro;
2. Beber com moderação;
3. Utilizar roupas confortáveis;
4. Articular bem as palavras;
5. Não forçar a voz;
6. Poupar a voz durante períodos pré-menstruais, crises alérgicas e estados gripais;
7. Ingerir bastante líquido em temperatura ambiente;
8. Evitar alimentos que causem azia e má-digestão;
9. Evitar gritar, falar muito alto ou cantar durante muito tempo;
10. Treinar a voz participando de corais ou escolas de canto com orientação profissional.

Aos músicos

Para manter o mesmo ritmo e qualidade vocal durante as horas de show, o acompanhamento especializado de um Fonoaudiólogo é indispensável.  O tratamento permitirá a conquista de novos hábitos e o restabelecimento da resistência e rejuvenescimento da voz. Alguns exercícios são recomendados para os artistas durante os shows, como o aquecimento da laringe antes do início do show e o desaquecimento após a maratona de festa.

A intenção desse acompanhamento fonoaudiológico é evitar no cantor fadiga vocal, perda da qualidade da voz ou afonia (colapso na voz). “A cada 24 horas, os cantores têm um edema na laringe e, no terceiro dia de festa, começam a se assustar com a perda da voz. Por isso, passamos diversos exercícios vocais para fazer artistas roucos voltarem a cantar com perfeição. Não tem musical de Broadway ou Ópera ou qualquer outra coisa que se compare ao que se enfrenta no Carnaval”, explicou a fonoaudióloga baiana Valéria Leal, que atende cantores como Carlinhos Brown, Margareth Menezes, Daniela Mercury, Carla Cristina, Carla Visi, Tomate, Léo Santana, entre outros.

AUDIÇÃO

De acordo com a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, durante o Carnaval a intensidade de som pode chegar a 120 decibéis (seja nas ruas, som do trio elétrico ou no sambódromo). No entanto, nosso ouvido suporta apenas uma intensidade de 85 decibéis por cerca de oito horas. Se o som atinge 110, a tolerância cai para apenas meia hora. E 120, cai para apenas 15 minutos. Essa exposição prolongada ao barulho (como acontece com trabalhadores de fábricas e indústrias que não protegem os ouvidos, pode levar em alguns anos à perda definitiva da audição.

Segundo a Sociedade Brasileira de Otologia, é durante o Carnaval que se verifica um aumento no número de casos de pessoas que apresentam problemas nos ouvidos, causados, principalmente, pelos ruídos derivados de caixas de som super potentes de clubes e trios elétricos.

É importante lembrar que a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera a poluição sonora a terceira maior do meio ambiente, perdendo apenas para a poluição da água e do ar. A exposição a sons intensos é a segunda causa mais comum de deficiência auditiva. Muito se pode fazer para prevenir a perda auditiva induzida por ruído, mas pouco pode ser feito para reverter os danos que ela causa.

Aos foliões e músicos

O uso de protetores auriculares de silicone moldável é bastante recomendado para os foliões que querem evitar problemas auditivos sérios neste carnaval,no entanto,  o acessório pode atrapalhar a comunicação e, por isso, o seu índice de utilização é quase zero. É recomendável o uso de protetores auriculares em crianças, que são mais sensíveis ao barulho.

Outra dica é fazer intervalos de 10 minutos longe do som de alto volume, a cada meia hora. Dando, dessa forma, tempo para o ouvido se recuperar.  Outra dica importante é manter uma distância de pelo menos 10 metros da fonte sonora, sejam elas  bandas, caixas de some/ou trio elétrico.

Em caso de exposição intensa ao som alto, vale destacar que se o zumbido ou sensação de abafamento durar mais de três dias, a recomendação é procurar um otorrinolaringologista para verificar se houve alguma lesão.

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